Como é a experiência de um Advogado numa maratona de empreenderismo e criação de Startup realizada simultaneamente em diversos Estados.
No último fim de semana dos dias 6, 7 e 8 de março, estive presente no evento chamado Global Legal Hackthon (GLH), na UNIFIEO em Osasco, na companhia do meu parceiro, Dr. Thiago Visnadi. Era meu primeiro Hackthon (Maratona de 54 hs para desenvolver uma ideia inovadora em negócio de sucesso), e tinha como temas centrais: (i) ampliar o acesso e a universalização do direito; ou (ii) trazer novas soluções aos usuários do direito (advogados, juízes, serventuários da justiça, etc).
Já havia participado do curso #EMPRETEC do Sebrae/SP, em 2015, que era destinados ao desenvolvimento das CCE’s (Caracteristica de Comportamento Empreendedor), mas era a primeira vez que eu estava num ambiente com desenvolvedores / programadores, designers, business e jurídicos, num desafio de formar um TIME e criar um negócio do zero, a partir de Ideias compartilhadas.
Na primeira noite, formamos um TIME bem eclético no Jurídico (com jovens estudantes de direito, Advogados de Departamento Jurídico de Escritório Conceituado, e Nós, Advogados “Autônomos”), Designer e Profissionais da área de processamento e análise de dados. Não tínhamos no TIME desenvolvedores ou programadores, e diante desta falta, quem fazia as vezes de programador, era meu parceiro, Dr. Thiago Visnadi.
Faltava a IDEIA INOVADORA, mesmo repleto de pessoas competentes, o ambiente ainda estava muito fértil, com as pessoas muito tímidas e as idéias não tinham fluidez.
No segundo dia tudo mudou. O TIME foi se conhecendo melhor, a intimidade foi compartilhada, e ideias eram passadas e aperfeiçoadas. Não existia ideia ruim, ruim era não ter ideia. E quando pensávamos que tínhamos uma ideia brilhante e inovadora, vinham os MENTORES e nos faziam repensar ou nos questionavam como seria possível VALIDAR esta ideia, e torná-la um negócio MONETIZADO, e com um propósito claro (em outras palavras, se tínhamos um NEGÓCIO promissor).
Chegou o final do 2º dia, e nós PIVOTAMOS a ideia ao menos 3 vezes, até que chegamos a um NICHO onde conseguiríamos VALIDAR o modelo de negócio e seguimos em frente. Organizamos as tarefas em quadros, e cada um do TIME tinha uma tarefa e um prazo para entregar. Parecia que tudo estava seguindo calma e tranquilamente pro resultado esperado, que era apresentar o projeto, por meio do PITCH, e convencer todos os Jurados de que a nossa ideia era a mais inovadora e que estava validada, e tinha o maior propósito dentre as ideias dos demais participantes.
Ledo engano. No 3º e decisivo dia, o TIME já estava exausto, com menos paciência, a organização virou cobrança, e a entrega das tarefas não vinham conforme era esperado. Chegou a acabar a energia do Prédio, durante o treinamento do pré-PITCH, para julgados convidados no período do almoço. Comemos comida congelada (com a queda da energia). Enfim, uma desordem e pensávamos que tudo estava indo por água abaixo.
E foi justamento o oposto que ocorreu. Neste cenário, vi pessoas chegando ao seu limite (físico e psicológico), vi mentores entendendo nossa IDEIA e passando contatos para que nós conseguíssemos VALIDAR a tempo. Enfim, teve membro do time que passou mal, e teve gente que não perdeu o FOCO e PERSEVEROU até a entrega final da apresentação e do PITCH.
Chegada a grande hora de fazer a apresentação dos Jurados do Hackthon, e mesmo defronte para grande nomes, vimos nosso TIME apresentar em primeiro lugar. O Dr. Thiago foi o responsável por apresentar o PITCH, e em seu poder de síntese, conseguiu trazer de forma contínua e pausada, qual seria a DOR encontrada, a SOLUÇÃO apresentada, o MERCADO inserido, a forma de MONETIZAÇÃO, apresentação do TIME e os AGRADECIMENTOS. Naquela hora percebemos que poderíamos ganhar!
Alguns Juradores questionaram o modelo de negócios ser B2B e não B2C, pois entendiam que seria melhor explorado se voltado ao público em geral do que para empresas, contudo, ainda estávamos confiantes na vitória.
Vimos as demais apresentações, todas elas com boas idéias ao mercado jurídico, uns se destacando mais na apresentação, outros menos, mas o que deu pra sentir foi o empenho e a dedicação dos TIMES ao longo desta JORNADA.
Finalmente, após a espera de 1hr., saíram os vencedores. Primeiro anunciaram o 3º colocado, após o 2º colocado, e o suspense aos vencedores. Estávamos esperançosos porque havíamos nos dedicados 110% no projeto, eis que veio o resultado: O segundo Grupo que se apresentou se sagrou vencedor e nós (Grupo n. 1) tínhamos ficado na 4ª colocação.
A derrota na competição não apagou em nada nossa ideia em democratizar o acesso ao direito, por meio de técnicas do Visual Law a contratos, tanto que quase 2 semanas após o evento, escrevemos este artigo já sabendo que iremos aplicar esta solução para clientes do escritório, especialmente nos contratos de honorários. Muito FEEDBACK foi dado e compreendido, para aperfeiçoar a ideia original e estamos levando isto muito a sério.
FELIPE RAMALHO POLINÁRIO, advogado especialista em Direito das Startups.