Você sabia que uma pessoa gasta em média 80% do seu tempo negociando ou se dedicando a mover pessoas (isto é, a praticar atos de persuasão, de convencimento e negociação) para alcançar seus objetivos? Foi o que nos mostrou o estudo publicado no livro de DANIEL PINK – “Vender é humano”.
Em linhas gerais, esta pesquisa deu ensejo ao surgimento de um movimento de Estudiosos e Professores que culminou na criação do Projeto de Negociação de Harvard, uma conceituada instituição de ensino Norte-Americana. Em Harvard Business School, esta matéria NEGOCIAÇÃO é encarada como uma Ciência, pois pode ser compreendida a partir de uma metodologia (aplicada por princípios que podem ser replicados em diversos casos e situações distintas). Muitos também concedem, à NEGOCIAÇÃO, a natureza de Arte, porque depende da interação humana.
Segundo o professor BRENO PAQUELET, do Instituto New Law, por se tratar de uma ciência e uma arte, por vezes nos deparamos com o IMPREVISÍVEL, o que é perfeitamente possível quando se está diante de inúmeras possibilidades em negociações complexas. Ocorre que por se tratar de uma metodologia, se preparar para o IMPREVISÍVEL para atuar com confiança, também faz parte do treinamento.
Num passado não tão distante, a Negociação era vista como algo empírico, na base da tentativa e erro. Havia esta visão de que a Negociação era uma batalha, em que um dos proponentes havia de vencer em detrimento do outro (expressões como “eu venci a negociação” era corriqueira!).
A partir do projeto de negociação de Harvard, foi possível a elaboração de uma matéria de estudos, que contou com a participação de Estudiosos e Professores do que passou a ser chamado de “Consórcio” das Instituições Superiores de Ensino mais renomadas dos EUA, como Harvard, MIT, Yale, etc. Lá foram também apresentadas alguns resultados surpreendentes na solução de conflitos, muitos reconhecidos mundialmente, a partir do aconselhamento de Políticos influentes: como no caso emblemático da Guerra Fria entre EUA e URSS; nas negociações de Paz na América Central (com constantes diálogos entre chefes de Estados locais) e aprovação e promulgação da Constituição na África do Sul (com constante diálogo entre negociadores e Assembleia Constituinte daquele país).
Um dos livros que ajudou a desenvolver a metodologia da Harvard Business School (e obviamente já entrou para minha lista de leitura obrigatória) foi “Como chegar ao sim”, de Roger Fischer, Wilian Ury, Bruce Patton (encontrada facilmente no site da amazon: https://www.amazon.com.br/Como-chegar-sim-negociar-concess%C3%B5es/dp/8543106214/ref=sr_1_1?adgrpid=79592167365&dchild=1&gclid=Cj0KCQjw9b_4BRCMARIsADMUIyoOVBac5O3ZGYsPhIH4M3LM1xSanjgS6tzhnBMIlwsndITf4x7MC1YaAuodEALw_wcB&hvadid=425954304477&hvdev=c&hvlocphy=1001743&hvnetw=g&hvqmt=e&hvrand=14672388931972902923&hvtargid=kwd-602902737552&hydadcr=5628_11235155&keywords=como+chegar+ao+sim&qid=1594906402&sr=8-1&tag=hydrbrgk-20 ).
Este livro já foi reproduzido em diversas línguas nas últimas 3 décadas e vem ajudando a fomentar a mudança na forma de pensar quanto à negociação, desmistificando-a, permitindo a qualquer um saber como negociar melhor (todos somos negociadores) e demonstrando a importância do relacionamento (antes não era tão relevante manter o relacionamento com o proponente, pois não se tinha perspectiva de continuidade após a negociação; agora se tem).
Mas afinal, quais seriam os 4 critérios (pilares) principais da negociação como ciência, segundo a metodologia Harvard?
Num exemplo prático, muitas vezes vivenciado por Empresários em Negociação para sua saída ou a saída de um dos sócios da Sociedade (denominada Dissolução Parcial de Sociedade), no qual são decididas questões relevantes, podemos avaliar a situação da seguinte forma:
Observe que a fase de preparação é de extrema importância para se chegar a um resultado final desejado, não devendo o leitor acreditar naquelas velhas máximas, “mais vale um mau acordo, do que uma boa briga” ou “um acordo ganha-ganha”, que nos remetem à ideia antiga de negociação.
Afinal a definição moderna para a função do negociador é “acomodar interesses para buscar acordos mutuamente satisfatórios”. Logo é possível negociar atendendo aos interesses mútuos, sair daquela velha doutrina que exige impor suas vontades a qualquer custo, e ver qual será a melhor forma de conciliar os reais interesses que estão por trás da demanda.
Enfim, a atuação de um profissional com um bom treinamento sobre negociação pode lhe auxiliar (e muito) a chegar a um Acordo satisfatório para você Leitor e sua empresa, independentemente da natureza do seu conflito ou demanda.
FELIPE RAMALHO POLINARIO – Advogado Especialista em Direito Empresarial e Startups